As cervejas escuras não são muito apreciadas no Brasil, principalmente pela histórica falta de boas opções no país. Mas ao contrário do que muitos pensam, cerveja preta não significa cerveja doce e enjoativa, muito pelo contrário.
Enquanto as cervejas escuras comerciais brasileiras utilizam corante caramelo para adquirirem esta coloração e são geralmente mais doces, as cervejas “de verdade” utilizam cevada ou malte torrados, que além da coloração característica fornecem também sabores e aromas que lembram café e chocolate.
A cerveja escura mais famosa do mundo com certeza é a Guinness. Representante do estilo dry stout, a cerveja irlandesa é bastante leve, com apenas 4,1% de álcool. Além disso, ela utiliza nitrogênio no lugar do gás carbônico, o que confere uma sensação de pouco gás, ou aguada, na boca. O aroma e o sabor apresentam notas torradas de café e amargor acentuado.
As Russian Imperial Stouts são cervejas bastante potentes tanto em álcool quanto em sabores. Sua origem remete à exportação de cervejas da Inglaterra para o Império Russo no século 18. Além do alto teor alcoólico, tem como característica o alto amargor e intensas notas torradas. Este é o estilo que possui mais cervejas entre as melhores do mundo. O Brasil têm ótimas representantes, como a Dum Petroleum (12%), de Curitiba, e a Colorado Ithaca (10,5%).
Outro estilo popular de cerveja escura é o porter. Surgido na Inglaterra no século 18, recebeu esse nome por ser popular entre os carregadores (porters) de Londres. E a mais famosa recebe inclusive o nome da cidade no rótulo, a London Porter (5,4%), fabricada pela Fuller’s nas margens do Rio Tâmisa. É uma cerveja bastante encorpada, com notas torradas que lembram café e chocolate e amargor equilibrado com notas carameladas do malte.
As lagers (cervejas de baixa fermentação) escuras mais conhecidas são as schwarzbiers alemãs. Com teor alcoólico médio (em torno de 5%), são cervejas que combinam muito bem as notas torradas com a doçura do malte e o amargor do lúpulo. Uma representante clássica alemã é a Köstritzer, enquanto um ótimo exemplar nacional é a Eisenbahn Dunkel.