Ele já foi sagrado e também já foi profano. Chegou a ser causa de morte, diversão para as massas e privilégio de reis. Hoje, virou receita de saúde, beleza e bem-estar. O banho atravessou a história ganhando diferentes funções, assumindo rituais até se tornar uma necessidade inquestionável do ser humano. As chuveiradas diárias ou imersões na banheira vão além de uma simples rotina de higiene.
Especialistas garantem que água e espuma têm tudo a ver com auto-estima. Cansaço, tristeza e mau humor podem ter uma cura comum. Debaixo de uma ducha morna ou em uma banheira de espuma, o corpo relaxa e as sensações se esvaem. Um bom banho tem o poder de renovar uma pessoa, de aguçar os sentidos e ajudar na busca do equilíbrio perdido durante um dia esgotante de trabalho. Proporciona uma espécie de magia restauradora.
As pessoas tomam banho porque assim foram ensinadas e imaginam que esse hábito sempre existiu. De fato existiu, mas não do modo como é praticado hoje.
A vida começa na água explicam as escritoras Renata Ashcar e Roberta Faria, logo nas primeiras páginas do livro Banho Histórias e Rituais, publicado com apoio do Instituto Unilever.
No inverno, a vontade é de encher a banheira com a água na temperatura mais alta possível. Banhos de banheira, aliás, beneficiam especialmente quem sofre de insônia e ansiedade. Nunca é demais ressaltar, porém, que a água quente é uma das principais vilãs da pele. A temperatura recomendada deve ficar entre 30 e 33ºC.
A água quente ou morna proporciona relaxamento muscular, mas é ruim para pele e cabelos alerta a dermatologista Natália Procópio Burian.
A água morna, pendendo para fria, é a mais indicada, pois não retira a proteção natural da pele. Os banhos também não devem ser demorados.
O ideal são cinco minutos. Assim, a pele fica protegida e ninguém precisa esbanjar água diz Natália.
Se a pele dos dedos apresentar-se enrugada é porque chegou a hora de desligar a torneira e se enxugar. Embora o Brasil seja um país tropical, não se deve tomar mais de dois banhos por dia, garantem os especialistas.
O banho da manhã ou o da noite deve ser eleito como o principal. Aí se pode caprichar na espuma. Na segunda chuveirada do dia, não é aconselhado usar sabonete por todo o corpo ensina a dermatologista.
O ideal é que apenas algumas partes sejam massageadas com mais freqüência com o sabonete, que são as áreas produtoras de odor: axilas, genitais e pés.
Com o restante do corpo é preciso ter bem mais cuidado diz Natália.
Ela ressalta que o hidratante deve ser usado sempre após o banho, mesmo que a pele tenha recebido uma camada de óleo. Os dois produtos têm funções diferentes. Os óleos essenciais, intensamente perfumados, são uma sugestão para tornar o momento do banho mais agradável. É recomendado diluí-los em água ou em óleos chamados de carreadores, como os de semente de uva, jojoba e gérmen de trigo.
A ação dos óleos essenciais pode durar cerca de oito horas, e a pele deve ser enxugada suavemente depois de passa-los. Em banhos um pouco mais quentes, eles penetram mais facilmente na pele, graças aos poros dilatados e à circulação ativada. Estudos atuais sobre aromaterapia comprovam que certos odores são mais relaxantes (caso da camomila, romana, lavanda e rosa) ou mais estimulantes (alecrim, bergamota, menta, eucalipto) e podem ser utilizados durante o banho para aguçar os sentidos.
Em relação aos sabonetes, as versões líquidas rendem mais se forem usadas corretamente, e oferecem uma hidratação e higiene à pele de forma mais suave. Não é aconselhado o uso de buchas e esponjas devido à agressão que a pele pode sofrer. Lixar a planta do pé durante o banho, nem pensar. A esfoliação deve ser natural, ou feita de forma bem suave. A freqüência das esfoliações deve ser quinzenal e com produtos que tenham sílica ou microgrãos de polietileno.